domingo, 4 de maio de 2008

Que país é esse?



O Reino dos Países Baixos é um país situado no noroeste da Europa. É o país mais densamente povoado do mundo e o de mais baixa altitude, com cerca de um terço de seu território abaixo do nível do mar. Essas zonas são protegidas por diques e paredões, e boa parte do seu território foi literalmente conquistado ao mar. Os Países Baixos estão tradicionalmente divididos em 12 províncias autônomas, com suas própria regras, administração e capital. Ele é o membro fundador da União Européia e sua capital é Amsterdã. O Holandês é a língua oficial do país, mas a maioria do povo holandês fala pelo menos uma língua estrangeira. Os Países Baixos são mundialmente famosos por seus moinhos de vento, suas tulipas, seus tamancos de madeira, seu queijo (principalmente o Edam e o Gouda) , a cerâmica de Delft e suas leis liberais.

Contexto Histórico

Os países baixos, assim como o resto do mundo, passavam por um período marcado pelo advento de novas tecnologias que alteraram os rumos da sociedade da época.
A arte respondeu a essas mudanças rompendo com as normas tradicionais, criando novas formas de expressão e popularizando as artes visuais, enriquecendo assim, o campo das artes aplicadas.
As inovações tecnológicas abriram caminho para novas formas de comunicação visual, dentre elas o design gráfico.
O design gráfico dos países baixos acompanhou essa conjuntura ao buscar a integração entre texto e imagem , a simplificação da imagem e uma inovação tipográfica.

O Movimento De Stijl

O De Stijl foi um movimento holandês filho do Cubismo e da Arte Abstrata fundado em 1917 por Piet Mondrian e Theo van Doesburg. Apesar de sua neutralidade, a Holanda sofreu durante a Primeira Guerra Mundial e a missão do De Stijl, como grupo, seria a de criar uma arte nova e internacional, em um espírito de paz e harmonia. Os membros do De Stijl procuravam expressar um novo ideal utópico de harmonia espiritual e ordem. Para tanto, eles pregavam o abstracionismo puro e a universalidade pela redução ao essencial da forma e da cor - eles simplificavam composições visuais para as direções verticais e horizontais, e usavam apenas cores primárias, preto e branco. Os artistas propunham a bidimensionalidade da obra ao rejeitar a perspectiva através do uso de linhas retas horizontais e verticais e de cores primárias. Também era freqüente a busca pela máxima simplificação através de formas elementares e geométricas.
O movimento rejeitava a subjetividade em resposta à nova sociedade industrial da época. Seu racionalismo e objetividade foram justificados por van Doesburg em 1928: "A linha reta corresponde à velocidade do transporte moderno; os planos horizontais e verticais à manipulação mais sutil, ou às mais simples tarefas da vida e da tecnologia industrial”.

Além das belas-artes, o De Stijl influenciou o desenho do mobiliário, têxteis, interiores, arquitetura e grafismo. Nos trabalhos tridimensionais do grupo, linhas verticais e horizontais são posicionadas em planos que não se interceptam, fazendo com que cada elemento exista independentemente e sem ser obstruído por outros elementos. Exemplos disso são a Casa Rietveld Schröder e a cadeira Red/Blue, ambos trabalhos de Gerrit Thomas Rietveld. A cadeira Red/Blue, além de ser pioneira no uso da teoria do design neoplástico nas artes aplicadas, serviu de inspiração para a cadeira B3 Wassily, de Marcel Breuer (1925).




















A cadeira Red/Blue de Reitveld e a cadeira B3 Wassily de Breuer

Sobre os princípios estéticos do De Stijl, Doesburg dizia que "esses meios plásticos universais foram descobertos na pintura moderna mediante o processo de consistente abstração da forma e da cor. Uma vez descobertos, surgiu, quase espontaneamente, uma plástica exata do puro relacionamento - e, assim, a essência de toda emoção que envolve a beleza plástica." O fato de que Mondrian e Doesburg acreditassem ter chegado à fórmula definitiva para a nova arte é indicado pelo nome do grupo - O Estilo - e por seu lema :
"O objeto da natureza é o homem, o objeto do homem é o estilo."
Eles acreditavam que "a arte desenvolve forças suficientes para influenciar toda a cultura."
A evolução estética e programática do Movimento De Stijl pode ser dividida em três fases:
-> 1º fase de 1916 a 1921, formativa e centrada na Holanda.
-> 2º fase de 1921 a 1925, de maturidade e de disseminação Internacional.
-> 3º fase de 1925 a 1931, de transformação e dissolução final.

Cartaz de Bart van Der Leck


Cartaz de Bart van der leck para a rota marinha rotterdam – Londres
No cartaz ficam evidentes a preocupação com a composição e a tipografia característica do movimento De Stijl, sem serifa e rejeitando as curvas.

Pôster para La section d’or

Pôster para a exibição La section d’or (seção de ouro)
O pôster exemplifica bem porque o De Stijl é considerado um movimento de vanguarda. Aspectos marcantes são sua tipografia inovadora, a preocupação com a composição, o tamanho da fonte e a simplicidade da imagem. Todos esses elementos atestam a preocupação com a linguagem visual.

A Revista De Stijl

Em outubro de 1917 foi criado o jornal de arte De Stijl, tendo por fundadores Theo van Doesburg, Piet Mondrian e Bart Anthony van der Leck. O grupo incluía artistas, arquitetos e designers holandeses como Vilmos Huszár (arquiteto e designer), Jacobus Johannes Pieter Oud (arquiteto), Robert van't Hoff (arquiteto), Jan Wils (arquiteto e designer) e Georges Vantongerloo (pintor e escultor).
O movimento permaneceu ativo e coeso por menos de 15 anos, mas sua influência pode ser sentida até hoje. Os textos da revista muitas vezes assumiam um aspecto de manifesto e, de fato, os princípios estéticos do grupo foram expostos em um com 8 itens publicado em novembro de 1918. O auge do movimento foi entre 1921 e 1925, quando Doesburg convidou vários artistas para participar do De Stijl e viajou muito propagando suas idéias. Nessa época, Doesburg deu aulas na Bauhaus que serviram para
intensificar a tendência idealista dos mestres alemães e para internacionalizar, de fato, o movimento. Em 1924, Doesburg rompe com o grupo após propor a Teoria do Elementarismo, onde a linha diagonal era mais importante que a vertical e a horizontal. Mondrian, nesse episódio, recusou publicamente o grupo, pois o ângulo reto era um dos pilares fundamentais de sua teoria neoplástica (nome dado por Mondrian à sua teoria artística para explicar o seu estilo redutor). Em 1925 o De Stijl já mostrava alguns sinais de desgaste, não tendo se renovado e com muitos artistas procurando novos caminhos. Em 1928 a revista pára de circular, mas, devido à militância persistente de Doesburg, é afirmado por alguns especialistas que a dissolução só ocorreu em 1931, quando ele morreu. (Acima, à direita: cartazes da Bauhaus de 1923 com o estilo De Stijl )




Página original da revista De Stijl

É interessante notar que a página está diagramada em duas colunas, comprovando a compromisso da revista com o funcionalismo (a revista era enviada pelo correio e, por isso, dobrada ao meio).

Theo van Doesburg

Doesburg foi um artista plástico, designer gráfico, poeta e arquiteto holandês. Em 1917 fundou o movimento De Stijl juntamente com Piet Mondrian. Doesburg produzia designs gráficos e tipografia de estilo estritamente geométrico, que inclusive serviram de base para trabalhos pioneiros da Bauhaus(como a cadeira Red/Blue e alguns cartazes) e de Kurt Schwitters. Doesburg deu cursos e conferências na Bauhaus sobre "De Stijl" e as suas idéias tiveram impacto nos trabalhos gráficos da escola, principalmente no material publicitário para a exposição de 1923 da Bauhaus. Por volta de 1921, o caráter do grupo começou a mudar. Desde a associação de Doesburg com a Bauhaus, outras influências apareceram nos trabalhos, como a do Construtivismo Russo e suas fortes diagonais. Daí o conflito de idéias entre Doesburg e Mondrian, que resultou na recusa pública do movimento por este. Mondrian não aceitava a Teoria do Elementarismo proposta por Doesburg onde as linhas diagonais eram mais importantes que as verticais e horizontais. Depois de muitos anos de persistente militância, Doesburg morre em 1931. A revista já tinha parado de circular em 1928, mas após sua morte é publicado mais um último número em sua homenagem. O movimento não durou mais de 15 anos, mas sua influência e seu caráter avant-garde são sentidos até os dias atuais.

Curiosidades:
- Doesburg também editou quatro números de revista dadaísta Mécano.
- Juntamente com Kurt Schwitters e El Lissitzki criou ilustrações para um livro infantil, O Espantalho, de Schwitters, usando apenas tipos da gráfica.

Piet Zwart

Piet Zwart foi um designer holandês extremamente inovador. Ele começou sua carreira como arquiteto trabalhando para Jan Wils e Berlage. Ele é considerado uma voz independente no que diz respeito à arte nos Países Baixos pois não se ligou formalmente ao movimento De Stijl. Apesar de identificar-se com a ideologia do movimento e de ter se inspirado nele para criar seu estilo pessoal, Zwart o considerava demasiado radical. Ele utilizava princípios do construtivismo e do De Stijl em seu trabalho comercial, como é óbvio em seu símbolo pessoal.



Símbolo pessoal de Piet Zwart, que ele utilizava como sua assinatura. Em holandês, "zwart" quer dizer preto.



Piet Zwart é muito conhecido pelos seus trabalhos para a Fábrica de Cabos da Holanda (Nederlandse Kabelfabriek Delft) e para a companhia estatal dos Correios, Telégrafos e Telefones e por ser um pioneiro na tipografia moderna. Zwart detinha um amplo domínio das técnicas de tipografia e da comunicação visual: sua composição era livre e alegre. Ele brincava com as palavras tipográficas e também soube fazer uso da fotografia e da colagem (fotomontagem).
Piet Zwart foi um artista extremamente inovador pois combinou a liberdade criativa do dadaísmo com o funcionalismo formal do De Stijl, brincou com a construção das palavras e integrou a tipografia aos outros elementos visuais. Zwart sabia muito bem o que era necessário para chamar a atenção das pessoas e suas composições tinham a característica de terem sua mensagem facilmente captável. Seu trabalho pode ser reconhecido pelo uso de cores primárias, formas geométricas padrões de palavras repetidas e o uso de fotomontagem.




























Cartazes para a companhia holandesa de correios e telégrafos – Dutch PTT . Feito para crianças, os textos desses cartazes foram feitos para ensinar crianças a utilizar os meios modernos de comunicação. Piet foi inicialmente convidado a elaborar selos para a companhia, mas depois sua colaboração se estendeu ao desenho gráfico geral.Het boek van PTT foi realizado em 1938.


É presente a mistura do irracional com o racional quando Zwart usa uma linguagem geométrica e racional (típica de um arquiteto e dos movimentos artísticos da época) misturada com elementos subjetivos típicos do Dada.

Zwart criou um total de 275 designs em 10 anos trabalhando para a Fábrica de Cabos da Holanda, quase todos trabalhos tipográficos. Ele deixou o cargo em 1933 para se tornar um designer industrial, de interiores e de móveis.

Cartazes para a Fábrica de Cabos da Holanda - alguns de seus 275 trabalhos





































Piet Zwart foi convidado a dirigir o departamento gráfico da Bauhaus em 1928, mas recusou o cargo e apenas lecionou lá. Além disso, emprestou seu nome a uma das mais prestigiadas escolas de design dos Países Baixos, o Piet Zwart Institute. Zwart teve grande aproximação com Kurt Schwitters e Paul Schuitema – com este último desenvolveu o jornal quinzenal de vanguarda ‘De 8 em Ophbouw’ (O 8 e a Construção) que se utilizava das mais recentes técnicas gráficas.

Outros cartazes de Piet Zwart


J. L. M. Lauweriks

Lauweriks dava aula na Escola de Artes e Ofícios de Dusseldorf. Ele encorajava um sistema de quadriculação no design, baseado na subdivisão e multiplicação de quadrados. A sua revista, Der Ring, foi importante por introduzir o uso de tipos sem serifa nos textos.



exemplo de fonte sans serif

Tipografia

Tipografia baseada na criada pelo De Stijl, caracterizada pela ausência de serifas e pela predominância de linhas retas



A Rubber Vloeren é uma tipografia adaptada de um alfabeto desenhado à mão por Piet Zwart usado para uma série de propagandas para pisos de borracha nos Países Baixos (cartaz original abaixo à esquerda). O alfabeto Rubber Vloeren foi usado por Zwart em várias outras ocasiões.






A influência no pós-moderno

Wim Crouwel é tipógrafo e designer gráfico holandês bastante influenciado pelas características dos cartazes dos Países Baixos das décadas de 20, 30 e 40. Em 1963 Crouwel funda com mais quatro colegas o primeiro coletivo de design gráfico dos Países Baixos, o estúdio Total Design, que se manteve em atividade até a década de 80.






1. Wim Crouwel e seus projetos tipográficos lançados pela the Foundry.






2. selos postais em homenagem ao movimento de Stijl, 1983.







3. cartazes desenvolvidos por Wim Crouwel, 1960 e 1967.

Hendrik Berlage

"A verdadeira arte não é só a expressão de um sentimento, mas também o resultado de uma inteligência viva."


Hendrik Berlage nasceu em Amsterdão em 1854. Foi arquiteto e design holandês. É considerado um dos primeiros arquitetos modernos holandeses que desde os seus trabalhos iniciais rejeita a ornamentação e usa elementos construtivos e estruturais como motivos de composição ao invés de os esconder, como era considerado obrigatório na época.


A Bolsa de Amsterdão (1898-1903), foi o mais importante edifício
projetado na época e influenciou os arquitetos holandeses da geração seguinte:
- os funcionalistas do movimento de Stijl pelo uso racional dos elementos construtivos;

- os expressionistas, pela forma expressiva como utiliza os materiais.

Aquartis

W. H. Gispen

Willem Hendrik Gispen (1890-1981) foi um design industrial especializado em objetos de ferro forjado e metais ornamentais. Queria catálogos e materiais publicitário elegantes, que refletissem a elegância mecânica.